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Dia do Servidor Público

EDITORIAL - Texto de abertura do Programa João Paulo Messer deste 28 de outubro 2025

28 Outubro 2025 | Terça-feira 09h34

Hoje é Dia do Servidor Público, ponta frágil de uma máquina cara e ineficiente.
O servidor se divide em categorias, assim como a sociedade em geral.
O serviço público carrega consigo conceitos e preconceitos nem sempre bem avaliados.
A sociedade, via de regra, é composta de bons e maus exemplos.

Mas por que não enxergar na categoria apenas o que se comemora em datas festivas como hoje?
Simples: porque seria utópico.

O que se pode, sim, desejar é que a categoria dos servidores públicos seja vista com melhores avaliações. Mas isso depende muito dela. Depende muito da categoria.

Cada vez mais se cobra eficiência do serviço público. E não é por discriminação, mas por lógica.
O serviço público é figura essencial para o funcionamento do Estado e para a garantia dos direitos sociais.
É por meio dele que a população tem acesso à saúde, educação, segurança, justiça e infraestrutura, entre outros.
A imagem do servidor público só irá mudar no dia em que este agente se colocar ao lado do cidadão, vítima da ausência desses serviços, e com ele lutar para que essa falta seja resolvida, mesmo que, para isso, já esteja cansado.

O servidor público carrega o peso da responsabilidade por esses serviços. A imagem do serviço público é marcada por percepções distorcidas.
Frequentemente, o servidor é visto como alguém privilegiado, acomodado ou ineficiente, quando, na realidade, muitos enfrentam condições de trabalho adversas e uma carga de responsabilidades que ultrapassa suas atribuições formais.

A ferramenta do mau servidor é a alegação de que suas dificuldades são compensadas pela estabilidade, que se transforma em muleta para a acomodação.
O mau servidor é aquele que conta no calendário as horas que faltam para fechar o dia, e não quantos contribuintes deixaram de ser atendidos.
O mau servidor é o que reclama porque hoje não é feriado, em vez de se preocupar que sua folga significa o contribuinte pagador de seu salário sem serviço.

O peso que recai sobre o servidor é grande, pois ele é o rosto visível do Estado diante do cidadão.
Quando o sistema falha, seja por falta de recursos, burocracia ou má gestão, é o servidor quem sofre as críticas diretas, mesmo que muitas vezes também seja vítima dessas falhas estruturais.

A escassez de investimentos, a defasagem salarial, a carência de pessoal e a pressão política constante criam um ambiente de trabalho desafiador e desgastante.
Além disso, o servidor público carrega o compromisso ético de atuar com imparcialidade, eficiência e transparência, mesmo diante de contextos de corrupção e desconfiança generalizada.

Em muitos casos, é ele quem mantém a máquina pública funcionando, apesar da desorganização administrativa e das mudanças frequentes de governo.
Sua estabilidade, muitas vezes criticada, é também uma proteção à continuidade do serviço e à independência técnica da administração.

Por outro lado, é inegável que o serviço público precisa de modernização, meritocracia e mecanismos mais eficazes de avaliação e valorização profissional.
O desafio está em equilibrar a cobrança por resultados com o reconhecimento das limitações reais enfrentadas pelo servidor.

Em suma, o servidor público é um agente essencial na construção de uma sociedade mais justa e eficiente, mas sua atuação é muitas vezes desvalorizada e mal compreendida.
É preciso romper preconceitos, fortalecer as condições de trabalho e promover uma cultura administrativa voltada ao serviço da coletividade.

Somente assim o serviço público poderá alcançar a qualidade e a legitimidade que a população merece, e, por extensão, o servidor conquistará o respeito e a dignidade que seu papel exige.