Brasil pode sentir impactos econômicos e sociais de crises no Oriente Médio

Durante comentário no Programa João Paulo Messer, desta segunda-feira (13), o professor Tiago Colombo analisou como a escalada de tensões entre Israel e Hamas pode repercutir na economia brasileira, ainda que de forma indireta. Segundo ele, o Brasil mantém um comércio expressivo com países árabes e, dependendo da postura diplomática adotada, pode haver efeitos importantes sobre as exportações nacionais.
Colombo recordou o episódio, ainda no governo de Jair Bolsonaro, quando houve a intenção de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. A iniciativa, explicou, provocou reação imediata de países árabes, que ameaçaram suspender a compra de frango e outros produtos brasileiros. "Naquele momento, foi necessário um recuo diplomático. Isso mostra como o posicionamento do Brasil diante de conflitos internacionais pode afetar diretamente nossa economia", observou o professor Tiago Colombo.
Ele destacou que, caso o país se alinhe fortemente a um dos lados do conflito, o impacto poderá ser sentido de forma gradual, mas real. "Não é algo que chega de um dia para o outro ao cidadão comum, mas pode gerar consequências como redução nas exportações e, em alguns casos, desemprego em setores estratégicos", afirmou. Colombo lembrou que a região Sul, especialmente o Sul catarinense, abriga plantas da JBS que exportam carne de frango para o Oriente Médio. "Se essas vendas diminuírem, o mercado interno pode até ter uma queda momentânea no preço, mas depois virão os efeitos negativos no emprego", completou.
O professor Tiago Colombo também refletiu sobre as mudanças demográficas que podem alterar o equilíbrio cultural e religioso no mundo nas próximas décadas. Citando dados populacionais da Europa, destacou que o crescimento muçulmano é significativamente superior ao das famílias cristãs. "Na França, a taxa média é de 1,8 filho por casal; na Itália, é de apenas 1,3. Enquanto isso, entre famílias islâmicas, a média pode chegar a seis ou sete filhos por casal", explicou.
Para Colombo, esse contraste aponta para um futuro de transformações profundas. "Se o ritmo continuar o mesmo, em menos de um século a Europa cristã pode se tornar majoritariamente islâmica. É uma mudança demográfica natural, difícil de reverter", avaliou. O professor Tiago Colombo ponderou, contudo, que essas projeções não indicam necessariamente um conflito civilizacional, mas sim um realinhamento de forças culturais e populacionais no mundo.
