Editorial - O Sul de SC sai decepcionado de audiência sobre Morro dos Cavalos

O capricho de permanecer por duas horas acompanhando a audiência pública para debater a solução ao Morro dos Cavalos não valeu. Ou então valeu para colocar o sul de Santa Catarina no patamar em que o Governo Federal nos vê. Vergonha de um debate que leva a nada.
Não que a iniciativa não tenha valido, pelo contrário. Foi e é importante. O Governo Federal não tem sequer um ensaio de vontade de resolver o problema.
E que não pensemos que seja apenas o governo atual. O anterior também nada fez. Aliás, a BR-285 é um exemplo disso. Os governos mostram que o sul de Santa Catarina é o quintal onde se deposita a indiferença. Deixa que Santa Catarina resolva os seus problemas.
Uma audiência de três horas e meia com falas repetidas em seus argumentos e com conclusão vazia. Enquanto convivemos com notícias do desgoverno, dos desvios, das maracutaias, dos cartões corporativos, dos escândalos do INSS, dos parentes dos presidentes. Ora o irmão, ora os filhos.
Estes são os governos que o Brasil tem. Não se trata de governos que resolvem os problemas pontuais, que com um pouco de atenção teriam minimizado seus percalços. São os escândalos e a defesa dos interesses pessoais que predominam.
A audiência pública sobre a BR-101 não foi em vão. Ela foi importante e, como tal, foi tratada pelo sul. Mas foi olimpicamente ignorada pelo ente que denominamos governo.
Se para o Judiciário brasileiro os bandidos de quadrilhas e facções seguem fazendo o que sabem fazer, enquanto cidadãos indignados são tratados como bandidos, por que o governo que arrecada fortunas teria preocupação com uma estrada? O que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo.
Os governos tratam os brasileiros contribuintes, aqueles que fazem a máquina girar, como verdadeiros tolos. E, pasmem, nós vamos a cada ano pagar mais impostos, enquanto os bandidos de terno ou de toga regem a batuta de um país em que o setor produtivo é relegado a um plano menos importante.
Que venham as próximas audiências públicas. Sabemos que elas não irão resolver nada. Mas o fundo partidário, o fundo eleitoral, as diárias e a farra dos homens públicos continuam. Desses, o salário não atrasa nem há problema de estrada. Afinal, eles passam voando por nós. Enquanto isso, rezemos para que nada mais aconteça no Morro dos Cavalos.
