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Semana decisiva no STF

Editorial de abertura Programa João Paulo Messer - 09/09/2025

09 Setembro 2025 | Terça-feira 08h04
O Supremo Tribunal Federal retoma hoje o julgamento dos acusados pelos atos de 8 de janeiro. Este é um processo que já se tornou símbolo da polarização política que corrói o Brasil. Depois de longos debates e estratégias jurídicas, os ministros se preparam para concluir a análise e definir as penas daqueles que participaram, de forma direta ou indireta, da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.
Enquanto isso os brasileiros aguardam com muita curiosidade o desfecho de um julgamento que tem ocupado espaço central no noticiário nacional e internacional e que parece um jogo de cartas marcadas. Nem por isso poderá se dizer que não aceita o julgamento. Ele está, por mais absurdo que possa parecer para alguns, dentro das quatro linhas.
Não há como negar: trata-se de um dos episódios mais graves da história recente. A democracia brasileira foi atacada de maneira explícita, e agora o STF corre para dar uma resposta que, ao mesmo tempo, precisa ser firme, mas também corre o risco de ser vista como mais um gesto de natureza política.
Não seria a primeira vez. Quando Lula foi preso, muitos enxergaram ali a face da Justiça sendo confundida com o tabuleiro da política. Agora, novamente, parte do país enxerga no julgamento dos atos de 8 de janeiro não apenas a aplicação da lei, mas uma tentativa de fixar narrativas e de ajustar contas com adversários.
A mídia repercute diariamente os votos, as falas dos ministros e os movimentos de bastidores. O caso é tratado como divisor de águas. Os aliados dos acusados repetem o mesmo comportamento visto em outros momentos da história recente: blindagem total, discursos inflamados e a defesa de seus líderes como se fossem intocáveis. É a mesma lógica de sempre, onde pouco importa o mérito jurídico, mas sim a paixão pelo ídolo político da vez.
Enquanto isso, a população observa dividida. Uns clamam por punição exemplar, outros gritam por perseguição. No meio, o Brasil continua atolado em escândalos e descrédito. A verdade é que, seja qual for a pena definida, este julgamento será mais um episódio marcado por contestações, paixões e ressentimentos. Não representa um ponto final, mas só mais uma página de um livro pesado e triste.
O fato é que, no Brasil, a Justiça nunca se livra do peso da política. E, por isso mesmo, o julgamento dos atos de 8 de janeiro se soma a tantos outros momentos que deixam a sensação amarga de que vivemos mais em função dos conflitos do que das soluções. No fim, este processo se mostra apenas mais uma poça de lama em um país que insiste em proclamar sua democracia, mas que não consegue limpar as manchas de escândalos que se apresentam quase que diariamente.
João Paulo Messer
Jornalista