Acorda, acorda, acorda Brasil

A Operação Carbono Oculto reacende no brasileiro a dolorosa sensação de que, neste país, sempre há alguém roubando, extorquindo ou sonegando. É como se o crime tivesse se institucionalizado nas estruturas do poder e dos grandes negócios. O cidadão comum, que paga imposto na bomba de combustível, no supermercado e na conta de luz, observa atônito como cifras bilionárias evaporam em esquemas ocultos, criados para fraudar o próprio sistema que deveria sustentar o desenvolvimento do Brasil.
É lamentável que o país carregue a marca de uma nação corrupta, onde, para o olhar estrangeiro e muitas vezes até para o nosso próprio, parece que o desvio é regra e a honestidade a exceção. Mais doloroso ainda é ver que tais crimes não surgem das periferias ou da miséria, mas de endereços nobres, consagrados como a sede de grandes negócios, onde se espera exemplo de ética, transparência e responsabilidade social.
E, para nós catarinenses, há um peso simbólico em ver Criciúma, ainda que neste caso de maneira isolada, ser citada em investigações dessa magnitude. A cidade que tanto luta por progresso, por se mostrar como polo de trabalho digno e empreendedor, acaba sendo arranhada por figurar na lista de locais ligados a operações que expõem as entranhas podres do sistema.
Mas qual é, afinal, o tamanho da culpa de setores como a política, que não se cansa de protagonizar escândalos, onde as próprias leis são criadas? E qual a responsabilidade da Justiça, que deveria aplicar com rigor as normas existentes, mas tantas vezes permite que o direito à ampla defesa e ao contraditório se transformem em escudo para a impunidade e em libertinagem para agir nas sombras?
Não se trata de negar garantias constitucionais, mas de exigir que elas não sejam distorcidas para dar sobrevida a práticas criminosas. O cidadão de bem não suporta mais ver o submundo se impor diante da sociedade organizada.
Eu, como brasileiro que luta pelo correto, confesso: me envergonho. Me envergonho quando vejo que até segmentos da sociedade que têm o dever de ser faróis de integridade também falham. E me pergunto: será que caminho pelo rastro da verdade, da legalidade e do justo, ou sou apenas um triste e pacato cidadão enganado, provocado nos meus piores instintos?
Ainda assim, insisto em acreditar. Vale a pena crer que casos isolados não podem manchar o futuro de um povo que precisa prezar, acima de tudo, pela formação do seu caráter.

